SIMTRI luta por educação de qualidade e pelo cumprimento das diretrizes da BNCC
Escolas têm até o fim do ano para implementar Educação Financeira e até 2021 para disciplinas ligadas às artes
A partir de dezembro de 2019, todas as escolas brasileiras devem estar completamente adaptadas às diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Uma dessas diretrizes diz respeito à resolução de problemas dentro do contexto da Educação Financeira. Segundo a BNCC, no ensino agora podem ser discutidos assuntos como taxas de juros, inflação, aplicações financeiras (rentabilidade e liquidez de um investimento) e impostos. A Base também diz que essa abordagem favorece um estudo interdisciplinar envolvendo as dimensões culturais, sociais, políticas e psicológicas, além da econômica, sobre as questões do consumo, trabalho e dinheiro.
Essas mudanças estipuladas pela BNCC já estão aprovadas e entrando em vigor para os alunos da Educação Infantil e Ensino Fundamental. Já para o Ensino Médio, a Educação Financeira é importante, trabalhando também a compreensão do sistema monetário nacional e mundial. A educação financeira está diretamente relacionada à construção da cidadania. Em tempos de consumismo desenfreado, é preciso desenvolver o senso crítico dos alunos em relação ao consumo. Além disso, discutir aspectos ligados ao desequilíbrio financeiro, à falta de planejamento, ao desemprego e seus efeitos nas famílias torna-se relevante. Portanto, educar sob o olhar da Educação Financeira é uma maneira de preparar crianças e jovens para o futuro, favorecendo sua formação cidadã e tornando-os capazes de estabelecer julgamentos, tomar suas próprias decisões e atuar de forma crítica em relação aos problemas colocados pela vida em sociedade.
O ensino de música nas escolas brasileiras também é uma política pública regulamentada por lei, embora ainda não faça parte do currículo escolar de muitas instituições. A mais recente legislação sobre o tema, que inclui a disciplina no currículo obrigatório, é de maio de 2016, assinada pela então presidenta Dilma Rousseff. A lei 13.278 substituiu a anterior, 11.769/2008, que mencionava exclusivamente a música.
Hoje, além dela, teatro, dança e artes visuais também são matérias obrigatórias. Porém, muitas escolas país afora se escudam no prazo elástico concedido para a adaptação do currículo, cinco anos (que terminam em 2021), para não ter dado ainda passos efetivos para oferecer tais disciplinas aos alunos.
Além de tudo, as escolas de ensino médio que ficam sob a responsabilidade dos estados já não estão mais obrigadas a oferecer o ensino de artes. A flexibilização ocorreu após a aprovação da medida provisória nº 746, de 2016, que tornou o ensino de artes compulsório apenas na educação infantil e no ensino fundamental.
Levando em conta estas informações, quando o SIMTRI ficou sabendo da possibilidade de realização de concurso para área do magistério, uma reunião foi marcada com a Secretaria de Educação para levar sugestões de melhorias na Educação do município e ações para torna-la algo mais aprazível e condizente com a realidade atual.
O vice presidente do Sindicato, Jorge Umann, juntamente com o presidente Diovane Castro e o secretário Valnei Porto Azambuja, apresentou propostas para além das disciplinas da base comum tradicional, e a necessidade do provimento de professores nas áreas de música, teatro, dança, educação financeira, informática e desporto.
“Não se pode mudar a escola sem investimento em áreas para além da base comum, temos que mudar o foco da Educação. Temos que fazer uma Educação diferente, baseada no cotidiano, nas artes e nas inovações, deixando um pouco a “educação bancária”, da formação dissociada da realidade, com matérias que mesmo sendo importantes, não atraem a nova população escolar”, comenta Jorge.
Paulo Freire falava do risco da educação que ele chamava de “bancária”. Obviamente não tem nada a ver com a profissão de bancário, mas muitas pessoas supunham que, para educar alguém, bastava fazer depósitos sucessivos, como se fosse um banco, e no dia da prova se fazia o cheque, que vinha com ou sem fundo. Como se o aluno ou aluna, tivesse a idade que tivesse, fosse um recipiente vazio, que bastava depositar dentro.
O vice-presidente do SIMTRI diz que sonha com uma Educação Integral, onde o conhecimento percorre todos as possibilidades do conhecimento, baseada não somente no receber informações e conteúdo, mas uma educação onde o aluno é senhor do seu conhecimento, lúdica, aprazível.
Esta ideia sempre foi defendida por Paulo Freire, que também usava muito a palavra “autonomia”, para se referir a uma educação que eleva, que respeita, que faz com que a pessoa ganhe a sua liberdade, é aquela que produz autonomia, em que conseguirá pensar de modo próprio, agir com consciência, atuar de maneira deliberada conforme aquilo que decidiu e pensou.
A reunião teve como objetivo, expor à secretaria de Educação e posteriormente à Administração Municipal, a importância de pensar nestas disciplinas e programar a contratação de professores qualificados para ministra-las no próximo concurso público realizado na cidade de Triunfo.
“Quando um governo garante mediante concurso estas áreas do conhecimento, ele está realizando uma política de Estado, pois garante às nossas escolas o ensino da música, das artes e das inovações. Não podemos querer mudar a escola fazendo o que era feito há mais de cem anos. Estamos esperançoso que este novo governo, fará diferente na Educação”, concluiu Jorge Umann.